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Marketing digital: mundo de oportunidades – Uma entrevista com Gilson Rocha

Especialista em marketing digital no UOL, Gilson fala sobre mercado, oportunidades e desafios dessa área que vem crescendo ano a ano.

 

A área de marketing digital vem ganhando cada vez mais força no mercado de trabalho. Atualmente, de pequenas a grandes organizações, as empresas estão mais conscientes do poder do ambiente digital como meio de criar, consolidar ou expandir oportunidades de negócios. Nesse sentido, o profissional de marketing digital precisa estar constantemente atualizado com as evoluções desse ambiente – que se transforma a todo instante.

Gilson Rocha, 27, é um desses profissionais. Formado em administração com ênfase em marketing, atualmente ocupa o posto de especialista em marketing digital no UOL, um dos maiores portais de mídia do Brasil. “O marketing Digital caiu de paraquedas na minha vida. Comecei trabalhando como freelancer tentando vender espaço publicitário em uma revista digital até que surgiu a oportunidade para trabalhar com Google Ads em uma agência de Marketing Digital. Aceitei o desafio e acabei me encontrando”, conta.

No UOL Gilson já trabalha há quatro anos. Atua com planejamento, execução e otimização de campanhas de marketing online, com foco em branding (gestão de marca) e performance. Além disso, auxilia no gerenciamento de demandas, controle de verbas para canais pagos, realização de projeções e elaboração de estratégias de marketing online para produtos do UOL. Na entrevista abaixo, Gilson Rocha fala sobre o mercado atual, sobre a importância do marketing online e sobre como estudantes podem desenvolver competências para trabalhar em alguma das muitas funções do marketing digital.

Para começar, como você definiria marketing digital?

Na verdade, “marketing digital” é um termo adaptado para um conjunto de estratégias e ações de Marketing em plataformas digitais. Inclusive, alguns livros fazem menção a isso, como “Marketing na era Digital” da Martha Gabriel e “A Bíblia do Marketing Digital” do Cláudio Torres [ambos disponíveis na biblioteca da Fatec Sebrae]. Embora muito comum e fortemente usado por grandes nomes e players do mercado, inclusive para designar uma profissão, consideramos esse termo apenas uma adaptação para o Marketing em âmbito digital. Partindo desse pressuposto eu diria que o que está em constante mudança, na verdade, são as tecnologias que englobam as estratégias de Marketing. E defino o Marketing em âmbito Digital como forte aliada estratégica de pequenas a grandes empresas.

 

Explique brevemente o que são campanhas de marketing online e como elas são planejadas.

A denominação “Campanhas de Marketing online” segue exatamente o mesmo conceito da pergunta anterior: são campanhas de marketing desenhadas para divulgar sua marca e comercializar seus produtos e/ou serviços em ambiente online. O planejamento segue a mesma premissa do passo a passo de um plano de Marketing convencional, mas aplicado em plataformas e ferramentas online. Envolve uma análise macro (políticas, econômicas e tecnológicas, por exemplo); análise micro (target, mercado, concorrência), Matriz SWOT, Mix de Marketing, passando pela definição da persona do seu público-alvo, até ao processo de análise do comportamento desse consumidor – quais são suas dores, necessidades, motivações e interesses.

 

O marketing online produz resultados para todos os tipos de negócio?

Eu diria que sim – quando bem planejado, executado e fortemente alinhado com as expectativas e tendências do seu negócio.  Expectativas estas que devem considerar a estratégia atual do produto e serviço, conhecendo todos os seus aspectos atuais e avaliando possíveis ajustes e/ou modificações para alcançar esses resultados.  Além desses fatores internos e externos, pontos fortes e fracos e possíveis oportunidades e ameaças (a análise SWOT), quando pensamos em marketing online devemos considerar o know-how da equipe ou do seu prestador de serviço – tanto do seu tipo de negócio quanto das definições de suas métricas de sucesso e, não menos importante, da maneira como as campanhas são planejadas e otimizadas.

Hoje, nota-se uma forte sensibilização das pessoas em relação à propaganda. Nesse sentido, o marketing precisa tomar cuidado redobrado ao elaborar estratégias. Comente um pouco sobre esse assunto.

Minha percepção sobre o mercado é de que todas as empresas e profissionais sérios do nosso ramo possuam esse comprometimento com a propaganda que produzem e divulgam.  Claro, uma única afirmação pode dar margem às diversas interpretações – por isso a importância de estudar, avaliar e reavaliar a melhor maneira de se comunicar com o seu interlocutor, que integradas às melhores práticas, à transparência e à objetividade, não devem gerar grandes problemas. Aliás, para isso existe o CONAR: para orientar empresas e agências sobre esses cuidados e restrições.

 

O profissional de marketing online faz cada vez mais uso dos dados de usuários para traçar estratégias. Essa linha tênue entre privacidade e oportunidade vem sendo amplamente discutida. Qual sua opinião a respeito disso?

Sim, essa é uma discussão muito recorrente e recém fomentada pela união europeia, uma vez que entrou em vigor esse ano a GDPR (regulamento geral de proteção de dados). Trata-se de um regulamento válido para empresas que vendam produtos ou prestam serviços para algum cidadão de um dos países do bloco que, dentre as principais obrigações estão a exigência da transparência desses dados. Ou seja, a informação de como os dados foram coletados, para os que estão sendo usados e a opção desse usuário editar, atualizar ou até deletar seus dados caso o queira. Na ocorrência de qualquer incidência que viole a privacidade, liberdade ou direitos das pessoas, a organização terá um prazo de até 72 horas para notificar as autoridades; sob penas milionárias caso não cumpridas.

Dessa forma, no Brasil, embora exista o Marco Civil da internet e uma infinidade de leis, essa regulamentação seria debatida ainda em 2018, mas em meio ao nosso atual cenário político e às atuais discussões de reformas trabalhistas, acredito que isso seja postergado para os próximos anos. De qualquer maneira, particularmente acredito que a nova geração (os chamados millennials), se importam cada vez menos com a privacidade de seus dados contanto que, em troca disso, sejam usados para benefícios próprios e boas experiências – sejam de serviços, sejam de produtos.

 

Vamos falar sobre estudantes que pretendem ingressar no mercado de marketing digital. O que eles precisam desenvolver em termos de competências e habilidades se quiserem se tornar profissionais atrativos?

À priori eu diria que esse profissional precisa ter forte capacidade analítica e visão estratégica de um negócio como um todo. Ser um curioso nato, gostar de ler, pesquisar, e se reciclar – até porque é uma área em constante evolução. Se possível, tentar complementar seus conhecimentos e suas experiências em alguma área que possua sinergia com a sua de atuação: existem profissionais que optam por aprender jornalismo, por exemplo, para aperfeiçoar posteriormente o seu trabalho com SEO, Inbound Marketing ou Marketing de Conteúdo. Outros que optam por aprender Web Designer, Photoshop, Ilustrator e almejam seguir uma carreira na área de criação. Já outros buscam aprender sobre linguagem básica de programação para possuírem sinergia com os cientistas de dados da organização e desenharem juntos estratégias de Digital Data Marketing, enfim, fato é que a evolução desse tipo de profissional é constante e é importante entender que nunca sabemos o bastante.

Falando de perspectivas, como você visualiza o setor de marketing digital nos próximos anos?

Imagino que o futuro do marketing digital esteja muito integrado ao futuro do Big Data e ao Machine Learning. Considero que o mercado de Marketing Digital como um todo ainda não explora todo o potencial do Big Data, mas acredito que muito em breve estaremos trabalhando estratégias e comunicações cada vez mais personalizadas aos consumidores: aos seus momentos de vida, ao que consomem na internet, ao que pesquisam etc. Devemos evoluir muito nos próximos anos no que diz respeito à mensuração desses dados, atribuições e tecnologias capazes de proporcionarem ótimas experiências para as organizações e aos seus clientes.

O que mais se vê por aí no Brasil de hoje são jovens recém-formados frustrados porque encontram um mercado de trabalho cada vez mais hostil. Qual conselho você daria para uma pessoa que está prestes a se formar e vai se deparar com o mercado de trabalho nas atuais conjunturas?

Arrisco dizer que a nossa área foi uma das que menos sentiram essa crise. Novas startups enxergaram oportunidade na crise e só estão crescendo. Algumas empresas estão começando a dar oportunidades para quem está começando como uma maneira de investir nelas a médio prazo, e muitos autônomos estão buscando evoluir seu negócio e precisando de mais “braço”. A dica que eu dou: abstenham-se inicialmente de altos cargos e salários e procurem por bagagem curricular. Procurem fazer projetos (ainda que voluntários) que possam agregar valor aos seus currículos e lhe possibilitem ganhar um diferencial. Por fim, tratem com seriedade toda e qualquer oportunidade que lhes forem concedidas. Bons profissionais sempre abrem novas portas.

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